quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Prazer curioso


Um amigo me disse uma vez algo como "é da discussão que nasce a iluminação".

Essa afirmação pode ser verdadeira, desde que as partes que estão discutindo também pensem assim.

Na maioria das discussões que se vê por aí, o objetivo é um só: vencer e convencer o outro. Pouquíssimos entram em um debate dispostos a mudarem de ponto de vista. Isso seria uma derrota vergonhosa.

Na internet ainda, isso pode durar a eternidade pois todo mundo com uma boa conexão consegue consultar a maior memória auxiliar que existe: o Google.

Este post não é um manual de etiqueta em comentários. Longe disso. Comentem e discutam à vontade.

O ponto que eu parei pra pensar é: de onde vem esse prazer em uma suposta vitória numa discussão?

Quando um não quer, dois não se beijam. Parece ser muito difícil para as pessoas que gostam de debater, simplesmente se retirarem. Em que momento a autoafirmação se tornou algo tão importante?

Freud talvez diria que isso vem da fase fálica. Faz sentido. Ter um carro maior, ter mais dinheiro, ter mais cultura. Não importa o que é, ao que parece, o importante é ter mais e se sentir superior ao outro.

Mesmo quando alguém tem um lampejo de racionalidade e se retira de uma discussão, ainda sobra aquela pontinha de frustração que faz essa mesma pessoa dizer algo como: "Eu saí para não ficar mais feio!". Não bastou ter sido superior, é preciso mostrar e deixar muito claro para o mundo.

O interessante é que o sentimento de superioridade às vezes precisa de uma plateia. O problema é que quase ninguém se importa com esse tipo de vitória.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

House estava certo?

Pessoas não mudam?

Em parte, o Dr. House está certo.

Parece duro dizer algo assim, mas se olhar por outro ponto de vista, pode facilitar as relações humanas.

Quantos casais que conhecemos em que um dos integrantes tenta o tempo todo mudar o outro? Mudar os gostos musicais, hábitos, comportamentos...

Quantas vezes tentamos nos forçar a mudar para entrarmos em algum grupo?

As pessoas tentam mudar as outras. Não seria mais fácil fazê-las apenas enxergar outro ponto de vista? Adotá-lo ou não ainda é escolha delas.

Está sobrando imposição. Falta aceitação e empatia.

http://www.oequilibrio.com.br/

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Controle


Gosto dessa frase. Ela deve estar famosa — apenas a digitei no Google para achar a imagem acima.

É interessante como ficamos preocupados em controlar tudo: as reações das pessoas, algumas consequências do que acontece na vida. Podemos ficar frustrados quando as coisas não saem como esperávamos ou planejávamos.

Na tentativa de controlar isso tudo, deixamos de lado a única coisa que ainda temos um pouco de controle: nós mesmos.

Não temos controle das ofensas que podemos ouvir, mas sim de como as encaramos.

É bem difícil trocar a frase "olhe o que fazem comigo" para "olhe o que eu deixo fazerem comigo" ou mesmo para "olhe o que eu faço com o que fazem comigo".

De novo é uma questão de foco.

http://www.oequilibrio.com.br/

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Dia do Psicólogo atrasado.

Eu tinha escrito este texto para o meu outro blog. Acho que combina mais com este aqui.



Este Dia do Psicólogo tem um gosto especial para mim.

Uma data que marca o retorno oficial para a minha área de formação.

Confesso que estou com um enorme frio na barriga. Por um lado, sinto que é uma grande oportunidade de ser criativo de verdade para ajudar os meus futuros clientes.

Por outro, tenho medo de estar enferrujado e de ter perdido aquela percepção, empatia e sensibilidade com o discurso do outro.

No meio disso tudo, estou montando a sala do consultório, correndo atrás de papeladas e me preparando para um recomeço que é sempre muito difícil.

Enquanto minha vida publicitária ainda se arrastava, e meus pensamentos vinham sempre na mesma sequência: "será que é muita imprudência largar isso tudo?" e "eu sei fazer outra coisa, não sou obrigado a aturar isso", apareceu o texto deste link.

Lembrei de alguns professores da minha faculdade, em especial de um que era conhecido como "pit-bull". Desde aquela época, ele destacava a falta de noção de alguns psicólogos.

Esse link me fez pensar que a área ainda carece de profissionais e ajudou a decidir para a minha volta. Quero fazer o melhor trabalho que eu puder.

Estou de volta.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Certezas em geral

Se já estamos acostumados a reagir de uma determinada maneira a um estímulo, se aparecer outro semelhante, nossa reação pode ser a mesma. Em resumo: gato escaldado tem medo de água fria.

Uma explicação bem resumida, superficial e coloquial, apenas para este texto não se tornar "técnico".

A generalização é um importante processo de aprendizagem e de sobrevivência.

Algum de nossos antepassados que estava faminto, provavelmente dispensou o champignon ou shimeji ao ver um amigo morrer após comer um cogumelo venenoso.

Atualmente, os cogumelos comestíveis já são reconhecidos, mas o processo de generalização continua sendo um mecanismo necessário nas nossas vidas.

Mesmo assim, ele pode dar suas mancadas e nós temos que ficar espertos para isso não acontecer.

As redes sociais oferecem uma boa visualização de generalizações, digamos, precipitadas. Principalmente quando a generalização é relacionada a pessoas. 

Não vou citar exemplos aqui porque pode gerar um debate desnecessário, mas a cada generalização de pessoas dentro de um determinado grupo, amassamos e jogamos no lixo qualquer resquício de individualidade.

Traçamos um perfil único e temos a certeza de que todos inseridos naquele grupo pensam, agem e se comportam da mesma maneira.

Entramos em discussões intermináveis por não estarmos dispostos a ouvir o que outro tem a dizer, afinal, eles são todos iguais. Certeza!

Assim como muitas outras, a certeza vinda desse tipo de generalização raramente é devida. Já parou pra pensar nisso?

Falamos com muita certeza sobre assuntos que não conhecemos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Cegos de contexto.

O conceito mais famoso e um dos mais interessantes da Psicologia da Gestalt é o de figura-fundo.

Ele proporciona uma reflexão interessante sobre a nossa visão de vida.

Resumindo: em cada uma das figuras acima, você tem pelo menos duas imagens para ver, dependendo do foco ou ponto de vista.

Assim como muitos fatos que acontecem no cotidiano.

Na imensa maioria das vezes, não temos a visão clara e completa dos acontecimentos.

Você vê ou o vaso, ou os rostos frente a frente. Assim como enxerga só o mau humor de alguma pessoa ou procura entender os motivos que a levaram a ficar tão mal humorada, por exemplo.

Mas, pra mim, o ponto mais interessante é a questão da escolha. Nossa atenção e percepção são seletivas.

Entre tantos acertos que fizemos, muitas vezes são os erros que surgem na cabeça e atrapalham o sono.

Mesmo depois de vários momentos bons, escolhemos focar nos ruins. É como a gota de óleo que estraga litros de água.

Em diversas ocasiões, nos fixamos no quanto um problema é difícil, em vez de usar o esforço para encontrar soluções.

Somos cegos de uma série de contextos em que os acontecimentos estão inseridos.

Para onde estamos olhando neste exato momento?







sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Mordendo a língua



Esses dias mordi a língua.

Não é força de expressão. Mordi literalmente.

Passei a ficar de olho em quais situações isso acontece.

Percebi que toda vez que mordo a língua eu estou almoçando só de "corpo presente", mas pensando em outra coisa. Nas contas para pagar, na reunião que vinha depois do almoço, na crise econômica, no lixo que não coloquei para fora, no status do Facebook, na tirinha do 9gag...

Qualquer coisa menos no sabor da comida.

NHAC!

A partir daí, pergunto: em que outras situações estamos deixando de dar atenção ao que realmente precisa dela?

No encontro com os amigos ou família, estamos fixados na tela do smartphone? O carro parou no semáforo e damos uma olhada no WhatsApp ou e-mail? Mesmo no volante e em movimento, lembramos de ligar para fulano e tem que ser naquela hora? O computador está carregando e começamos a jogar Candy Crush?

No meio do show, a banda começa a tocar sua música favorita. O que é mais importante? Curtir aquele momento ou gravar um vídeo com o áudio bem ruim, publicar no YouTube e ter uns 10 views?

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Preciso realmente postar isso?

Este texto não é um manual de etiqueta nas redes sociais como muitos que existem por aí. É apenas uma reflexão. Aliás, vale lembrar que na própria homepage do Facebook está escrito: “... você pode se conectar e compartilhar o que quiser com quem é importante na sua vida”, frase que torna todas as regras que muitos usuários criam e espalham por aí, inúteis. Quero propor agora outro ponto de vista: Qual a necessidade que temos de postar certos conteúdos? Qual a importância de mostrar para todos o quanto a sua vida é imensamente maravilhosa? Que o prato que você almoçou é delicioso? Ou que o seu relacionamento é o mais perfeito que existe? Ou de vencer uma longa discussão em comentários? Quais são nossas intenções e/ou objetivos? Todas essas perguntas levam a este vídeo.


Um amigo disse após assistir que “As pessoas não sabem lidar com a sinceridade”. Obviamente ele não entendeu a mensagem do vídeo. A sinceridade é realmente uma grande qualidade. A pergunta que deixo no ar é: qual a necessidade de ser sincero no Facebook?